sexta-feira, 9 de novembro de 2007

sonhos - madrugada de 09.11.07

Eu descia sozinha a Rua XV. Aquele trecho que, dos 7 aos 25 (?)anos tantas vezes percorri, quando saía de casa...
Era escuro e garoava, haviam pessoas paradas no meio do caminho em bares, lanchonetes ou lojas, não sei exatamente o que era. Elas observavam e comentavam sobre quem ia passando. Poucos eram os transeuntes, e esses, caminhavam sempre aos pares falavam bem baixo, como um cochicho. Todas vestiam roupas escuras, de luto. Elas pareciam ressabiadas e os movimentos eram curtos, travados e repetitivos. Andavam encolhidos braços cruzados bem próximos, como se um, sustentasse o outro.
A iluminação muito fraca, um poste ou outro, daqueles bem antigos, com lâmpada de tungstênio. Sobre o foco um saiote de metal. A luz refletia amarelo ocre nas pedras do chão de paralelepípedo molhado pela garoa.
Ultrapassei várias pessoas, as paradas e as que caminhavam. Cheguei perto de uma senhora de braços dados alguém mais jovem . Atravessamos a rua, Tibagi, (uma antes do teatro). Não haviam carros , mesmo assim a mulher parou, olhou para os dois lados e continuou na mesma reta.
Ela cochichava incessantemente. Comentava sobre uma pessoa do sexo masculino que queria ser um fotografo porque só tinha um pé de sapato. Comecei a pensar na dificuldade que o sujeito teria para caminhar com um sapato só, e então minha imaginação arranjou um outro pé de calçado, mas era inverso, ele teria que usar o pé direito no esquerdo e vice versa.
Aquele cenário, a estória toda do sapato me cansaram, saí do fluxo e fui para o outro lado da rua onde não havia ninguém mais ao redor, apenas eu...
Aos poucos a rua foi clareando e já dava para enxergar melhor. Um pouco antes de atravessar a rua seguinte (era a da frente do teatro), passou um rapaz, usando capacete, vestia traje de ciclista, e tinha uma bicicleta toda bonita. Ele pedalava com esforço, era como se fosse uma subida apesar de estarmos num plano. O revestimento da rua e da calçada estava escorregadio por causa da chuva. Era perigo constante de cair, precisava se manter no caminhop e ao mesmo tempo ter cuidado para não cair.
Foquei nos pés do ciclista, observei atentamente, e percebi que ele calçava um par de tênis invertido, o do pé esquerdo estava no direito e o direito no esquerdo. O desparcerado par de tênis era amarelo e a medida que seguia, foi ficando cada vez mais claro e visível.
Quando chegamos na metade da quadra seguinte, ali pelo hotel Mabú , o revestimento do chão virou asfalto, e a cor amarela do tênis do cara começou a reluzir, vi melhor a bicicleta, ela se destacava também, era novinha... Toda a área foi clareando o que facilitava a visibilidade. O rapaz de tênis amarelo seguia atrás do que ele buscava, a fotografia da qual a mulher lá atrás no escuro, falava.
A quantidade de pessoas, de claridade e uma gama de cores foram aumentando, bem diferente comparando ao trecho anterior.
Todos caminhavam no mesmo sentido, o sentido de ir e não de vir. O rapaz de bicicleta sempre reaparecia, seguia pelo asfalto e eu paralelamente pela calçada, tiveram uns trechos que eu pedalei também. O trajeto foi afunilando e todas as pessoas chegavam a um lugar com portas, difíceis de ultrapassar, estavam fechadas. Descobri que todas abriam uma ao contrário da outra, quando abri e segurei a primeira porta para poder abrir a seguinte, uma enxurrada de gente quis passar ao mesmo tempo, se empurrando e atropelando, parecia boiada, o que dificultou ainda mais a passagem.
Fui para o lugar seguinte bem mais iluminado com luz fluorescente, tons meio azulados, um ambiente amplo, frio e sem aconchego, era fechado e dessa vez, mais organizado que o acesso anterior. Havia ali um balcão e era obrigado fazer uma verificação de dados, só seguia se a referencia como nome e outros dados batessem com o que constava numa lista ...
Coisa sem graça, sem saber o final, acordei!

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