quinta-feira, 29 de maio de 2008

Mario Quintana -

O pior dos problemas da gente
é que ninguém tem nada com isso.

* ___ *

Se eu amo o meu semelhante? Sim.
Mas onde encontrar o meu semelhante?

* ___ *

Carlos Drumond de Andrade -

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.


* ___ *

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Um ausente - Carlos Drumond de Andrade.

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais gravedo que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste

sexta-feira, 2 de maio de 2008

beira da curva...





TUDO de bom ou nem tanto  que a vida nos revela, constrói. Não há momento ruim - ruim mesmo que negativo possa parecer aos olhos  ou a compreensão alheia.
Para amar essa escola em que estou e ser boa aprendiz, preciso caminhar até a beirada da curva do mundo.
 

Não me apetece o morno, o destemperado. Necessito mergulhar como os  acrobatas em busca da intensidade de cada instante. Molhar e me encharcar inteira porque se for apenas para boiar, melhor nem olhar para o fundo do mar. 
Isso tem custo, tem tropeço, tem dor, tem crescer , tem observar, desfrutar, assimilar ...